Memórias

Quadrilha Brigões de Suape

 

Quadrilha Brigões de Suape. Fotos: Andréa Rêgo Barros (PCR)

Praia de Suape, Cabo de Santo Agostinho. Coqueiros, mar, sol, calor, pescadores, jovens com muitos sonhos e desejos. Esse é o cenário onde nasceu, em 04 de abril de 1987, a quadrilha Brigões de Suape, antiga Brigões do Buraco de Dentro. A ideia de criar a quadrilha nasceu de um grupo de amigos formado por José Rildo Plínio da Silva, Ivanildo Plínio, Zildo Plínio, Maria José de Santana, Jurandir dos Santos, Vanusa Mª de Santana, entre outros, que, preocupados em unir os moradores da comunidade, divididos em dois grupos rivais (os seguidores do Grus e do Estrela, dois blocos carnavalescos da região, hoje inexistentes), decidem organizar uma quadrilha junina.

Inicialmente animando as festas de São João da localidade, a Brigões passa a disputar em diferentes concursos do Cabo a partir de 1994, quando desenvolve o seu primeiro espetáculo temático: O mar e o pescador. Apresentando-se com um estilo diferente, agora recriado, a quadrilha leva para o arraial o cotidiano dos pescadores e a sua relação com o mar. Esse trabalho
marca o início dos títulos de campeã no concurso do Cabo, onde a Brigões destaca-se como a quadrilha tetra campeã (1994-1997). Em 1995, ganha como Quadrilha Revelação, no arraial do Bira no Janga. Em 1996, conquista o campeonato no concurso de Escada e o 2º lugar no arraial do Ibura. No ano seguinte, classifica-se em 2º lugar no arraial de Areias.

Três anos após participando dos concursos em diversos arraiais de bairro, a quadrilha firma uma parceria com uma Rede Hoteleira do Cabo de Santo Agostinho, e passa a fazer parte da programação cultural do espaço. Em 1998, por solicitações de alguns dirigentes dos hotéis, a Quadrilha Matuta Brigões do Buraco de Dentro passa a se chamar Quadrilha Junina Brigões de Suape. Com a nova denominação, a quadrilha conquista o vice campeonato no concurso do Córrego do Joaquim (1998), Quadrilha Revelação do arraial da Tribuna (1999), campeã no arraial Urso Pé de Lã (1999).

Os trabalhos da Brigões aumentam em proporção e, em 1999, o grupo participa pela primeira vez dos dois grandes concursos do gênero, o Festival da Rede Globo Nordeste e o Pernambucano da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

A chegada do novo milênio trouxe para a quadrilha o 3º lugar no Festival Pernambucano da Prefeitura do Recife, além de 12 títulos de campeão nos arraiais de bairro. Em 2001, a Brigões participa pela primeira vez do concurso do Sesc, levando para o arraial todos os componentes vestidos de noivos e noivas, numa alusão as festas de Santo Antônio, São João e São
Pedro, tendo em cada momento, a entrada de um andor com um desses personagens vivo. Em 2002, foi a 5ª colocada do Festival Pernambucano.

O nome do grupo passa a fazer parte das programações culturais da festa em diferentes cidades do estado, aumentando a responsabilidade dos diretores com o aperfeiçoamento dos trabalhos, a qualidade dos ensaios, da escolha dos temas, montagem do figurino, adereços etc. A comunidade contribui de todas as formas, as casas dos componentes se transformam em ateliês; a
costureira, Dona Maria José Maciel, aumenta o ritmo de trabalho, entrando pela madrugada, numa dedicação constante ao sucesso da quadrilha. Essa relação com a comunidade extrapola o período do ciclo junino, levando os moradores a participar de outras ações organizadas pela quadrilha, como o Grupo de Dança Popular e o Projeto Arte em Geral.

Ousadia é a palavra, que talvez marque o perfil dos trabalhos que a Brigões realiza. Em 2003, leva, pela primeira vez, na história das quadrilhas, um ônibus e um painel eletrônico para os arraiais. No ano seguinte, com o tema Olha pro céu meu amor, chocou o público com o beijo de dois homens e duas mulheres em pleno casamento no arraial. A ousadia garantiu o prêmio
de “Melhor Casamento” no Festival Pernambucano. Festa de São Pedro foi o tema de 2005, uma homenagem ao padroeiro da quadrilha, que lhe rendeu a classificação, pela primeira vez, para a etapa final do concurso da Rede Globo Nordeste. A conquista funciona como estímulo para a criação de espetáculos mais elaborados, como, por exemplo, os trabalhos realizados nos últimos quatro anos: São João nas cores de um balão (2006); Quadrilha é francesa, e junina é brasileira (2007); O compadre de São João (2008) e São João para turista ver (2009).

É importante destacar na trajetória da Brigões a formação de jovens profissionais qualificados para o mercado de trabalho por meio da quadrilha junina, fato que garante ao grupo o respeito e a admiração dos moradores do Cabo, assim como dos diferentes lugares onde a quadrilha se apresenta.

Fonte: Livro “Nos Arraiais da Memória – As quadrilhas juninas escrevem diferentes histórias”. Mário Ribeiro – 2010

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